O mundo do faz de conta é um universo para pais e filhos explorarem na primeira infância. As brincadeiras promovem o desenvolvimento de todas as competências fundamentais da criança, como as aptidões sociais, motoras, afectivas, cognitivas e da linguagem. Elas divertem-se, estimulam a sua curiosidade e a interacção com os outros, fornecem conhecimentos e podem até ajudar a vencer medos e ansiedades.
O problema é que, na sua maioria, as crianças de hoje não sabem fazer-de-conta. Porquê? Porque nunca tiveram de o fazer. Fez-se demasiado por elas, deram-se-lhes demasiadas coisas. Em vez de inventarem jogos, as crianças de hoje costumam imitar personagens e situações tiradas de programas populares de televisão.
Os pais tiranos do tempo que se afunilam em obrigações profissionais afastam-se das suas responsabilidades familiares. Oferecem aos filhos escapes de atenção para preencher as carências afectivas de crianças em crescimento. Desperdiçam a oportunidade de participar na construção de novos mundos ao encher a casa de todo o tipo de brinquedos e acessórios que usam para ocupar os filhos.
Estão a calar a imaginação da criança. Através da magia do faz-de-conta, a criança exercita a imaginação, a iniciativa, a criatividade, a inteligência, a autonomia e a autoconfiança ao mesmo tempo que pratica a descoberta e a invenção, que são, afinal de contas, a base da ciência.
Fazer-de-conta é não só a essência da brincadeira verdadeiramente criativa, que é, por sua vez, a essência da infância, mas também a história do progresso da raça humana. Uma das conquista desta nova condição a que chamamos paternidade é descobrir de novo a magia do faz-de-conta para com a criança podermos fantasiar os nossos desejos. Que bom é voltar a ser criança para podermos desfrutar deste mundo do faz de conta.
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