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domingo, 28 de outubro de 2007

O Conto do Nunca (18 semanas T2)




No desenvolvimento harmonioso de qualquer criança é fundamental criar e estimular laços de afectividade. É essencial que os pais não se demitam desta função tão importante. Acompanhar a capacidade criativa dos seus filhos é participar na construção de um novo mundo. Uma das ferramentas mais importantes na comunicação oral é a dramatização de contos, fábulas e outras estórias fantásticas que permitam de forma figurada transmitir valores que ajudem as crianças a perceber melhor o mundo que as rodeia. Baseado neste princípio decidi escrever um pequeno conto para contar à Beatriz. Como todos os contos, a estória começa com a expressão “era uma vez…”

Era uma vez, na terra do Nunca, duas almas que vadiavam por caminhos desencontrados em busca de um rumo para uma vida com sentido. Na terra do Nunca as pessoas Nunca ouviam o murmurar do coração, Nunca tinham encontrado uma razão para amar verdadeiramente, Nunca tinham sentido um arrepio na barriga logo pela manhã de forma a suspirar por alguém que os preenchesse. Na terra do Nunca , as pessoas rodopiavam em ruas apressadas nas suas rotinas sem Nunca se encontrarem.

Certo dia, ao contornar uma noite de luar, o destino driblou duas destas personagens e na calma intimidade dos seus refúgios traçaram um novo caminho que seria percorrido ao som dos seus próprios passos. E, subitamente, a mesma palavra que até então era usada como negação, passou a ter conotação positiva para estes caminhantes.

Agora, Nunca mais teriam que se preocupar em partilhar os seus mais profundos estados de alma com alguém que não os entendesse,Nunca mais olhariam o relógio de forma apressada, pois ali longe do tempo duas vidas se fundiam na razão infinita de se encontrarem no mesmo cosmos, Nunca mais se sentiriam sós pois agora tinham alguém com quem desbravar os espinhos de uma rosa que estaria para nascer.

E neste milagre a que chamamos vida, a metamorfose da palavra “Nunca” revelou a mais doce das razões desta nossa caminhada. Assim, uma palavra antagónica passou a acompanhar os nossos pensamentos. Um novo mundo neste espaço de criação trouxe-nos, no sopro do vento, a mais das desejadas sementes que nos permitirá novas conjunções.

A partir deste apeadeiro, vamos Sempre caminhar juntos na marchar da conquista de uma família feliz, vamos Sempre ouvir o sopro do coração mais ternurento que a todo o momento bate ao compasso da nossa alegria, vamos Sempre correr este novo mundo para gritar aos seus quatro cantos:

“Aqui vamos ser felizes”.

Nota de rodapé: A música utilizada para acompanhar este post pertence a Rodrigo Leão, um dos maiores compositores portugueses que nos aconchega com este "Alma Mater", nome original do tema que significa literalmente “a mãe que alimenta ou nutre”. O adjectivo latino almus (que alimenta) vem do verbo alere (alimentar). O epíteto Alma Mater foi originalmente aplicado pelos Romanos a uma série de Deusas, como Ceres e Cybele. Nada mais apropriado para a musa das minhas caminhadas

4 comentários:

Anónimo disse...

Nunca e Sempre são dois meros referentes para o singificado que lhe quisermos atribuir. Assim, tal como Prometeu roubou o fogo aos deuses do Olimpo para vivificar estátuas inertes, também nos cabe a nós (re)inventar a realidade nos envolve através desse poderoso artefacto que são as palavras. Não podemos deixar que se tornem inócuas, que sejam apenas o somatório de fonemas, é importante que tenhamos uma consciência feroz que ao articularmos uma palavra podemos dar um pequeno passo para a construção de um mundo mais harmonioso.

S.F disse...

Lindo e a música está perfeita!

Moranguitos!

saltarica2002 disse...

Há poucos momentos perfeitos nas nossas vidas...
Este conto e tudo o que ele significa é um bom exemplo, Tio Cogumelo. Obrigada por o partilhares connosco!! L :)

Anónimo disse...

Nunca digas Nunca...EXCELENTE!!!
Beijos ao trio...
Tia