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terça-feira, 2 de outubro de 2007

Os novos cogumelos (14 semanas)

O cair das primeiras chuvas faz-me recordar uma das mais saudáveis actividades para um naturalista convicto como eu. A apanha dos míscaros foi durante muitos anos uma alegre romaria que acabava em grandes ensopados, estufados e outros pratos afins.
Com o desenvolvimento da urbe e as consequências ecológicas que dai advêm, estas pequenas maravilhas da nossa culinária eclipsaram-se quase totalmente (ou não…)

De facto, neste espírito consumista a que nos votamos depois de descobrimos as maravilhas de uma sociedade capitalista, um novo fenómeno emergiu neste contexto. Novas selvas cresceram exponencialmente transformando o nosso habitat natural num apelo constante ao consumo que nos torna engodo fácil para novos predadores.
Apareceram, então, os novos cogumelos que se estendem como polvos e vão nidificando pelo espaço comercial da nossa terra. Disfarçados de lojas de criança com vistosas e apelativas montras, atraem os futuros papás e montam uma teia implacável que os agarra a tentações mundanas capazes de os levar em êxtase desenfreado à compra de todo o género de produtos até aqui desconhecidos.Existem ecossistemas perfeitos designados de shoppings onde esta realidade toma proporções avassaladoras.

Tal qual os verdadeiros míscaros, estes cogumelos são também divididos em diferentes espécies. De entre os mais perigosos destacam-se a espécie “Benetton” um colorido cogumelo que atrai as suas presas com sugestivos modelos cheios de vida, a espécie “Lego” que com o seu nome apelativo bloqueia os nossos eurónios, a espécie “Petit Patapon” um pequeno exemplar da família Patapon que abraça as suas vítimas com suaves babygrows de pura malha fina, e ainda a requintada espécie “Jacadi” que nos hipnotiza com as suas voluptuosas colecções de roupa. Não convém pois abusar destes cogumelos cuja ingestão em excesso pode provocar graves danos no seu cartão de crédito. Existem outras espécies mais inofensivas como as importadas de Espanha e alguns cogumelos nacionais que, depois de destapados, podem dar óptimos enxovais.

A melhor época, ao contrário dos cogumelos naturais, não é com o cair da chuva, mas sim ao cair dos preços numa lógica de promoções algures para os meses de saldos. É preciso alguma paciência como na apanha dos ansiados míscaros e uma pitada de faro que só com a experiência de diversas expedições se apura para a melhor caçada. Por enquanto o melhor é traçar bem a rota dos nossos passeios para não cair em tentação e morder o isco destes novos cogumelos.

P.S: Alguém me diz onde encontrar os verdadeiros cogumelos pois já ando com saudades de um saboroso arroz de míscaros.

2 comentários:

Anónimo disse...

Afinal, quem está com desejos é o PAI!(Nada é como antigamente).

Migo...fica descansado que assim que for á aldeia trago-te os tão desejados "míscaros" e preparo-te uma delicia.

Titi & Companhia

saltarica2002 disse...

Ora aí está uma gravidez verdadeiramente a dois, mas...desejos de míscaros, Tio Malta?! Podias escolher melhor iguaria, não?! A mãe não tem mto jeito para a cozinha, mas já vi que a Tia Sívia se oferece para preparar o manjar. Está lançado o pretexto para um belo serão, fico à espera...(mas com menu alternativo para as crianças, ok?!)